Dispensa legendas. Ass.: Alegra Catarina

Dispensa legendas, de Alegra Catarina

As ilusões acabaram sendo todas desfeitas. Antes, por exemplo, eu costumava acreditar que escritores têm liberdade. Até que fui sendo, dia após dia, acomodada na minha própria baia. Leram “Dilbert”? Então. É isso. Uma mesa, uma tela, um caderno, alguns livros-referência, café. Tem quem prefira outras bebidas. Não recomendo. Nem comer e escrever. Alguém já estudou cientificamente e chegou a conclusão de que mascar inofensivo chiclete pode afetar a concentração. Deixar relaxado. Ficar com fome, por outro lado desaconselho. Falta energia. Claro que há controvérsias. O que não funciona pra mim, pode funcionar perfeitamente a outrem. For levar tudo à risca o caboclo que escreve está morto. E querer agradar então, danou-se. Tudo tem de ser desmistificado no começo, ou a pessoa se perde no raciocínio, cheia de medos. Mortos também podem deixar memórias, bastando um dia antes passar a senha da página da internet e o endereço secreto à amigo ou familiares. Analiso esta hipótese quando chegar mais perto da data. Me perdi onde estava. Ah sim. Ia falar sobre o amor, por exemplo. Antigamente (mentira que nunca foi verdade), para se escrever sobre o amor era preciso estar amando. Descobri amando, a falsidade que mora nisso. Todo tempo que o escritor gasta escrevendo sobre o amor, o amor da vida dele está em algum lugar – não creio! – transando com outra pessoa. Bobagem pensar assim. Ter ciúme infundado. Olha o caso da Letícia Wierzchowski. É bonita a história do livro “Eu@teamo.com.br“. Anoto a referência.

Parágrafo novo…