Sente a onda, de Alegra Catarina.

Sente a onda, de Alegra Catarina.

Devagarinho, muito devagarinho, fui deletando. Todos os arquivos da pasta com o nome dele foram parar na lixeira. E agora, três horas depois, ainda olho a lixeira vazia e dou graças à Deus ter salvo ao menos um diálogo. Eram diálogos bonitos. Sinto muito! Tanto que até adoeço. Mas pra que servem as palavras escritas se, até as mais dolorosas, vivem de se justificar e aceitar cabisbaixas desculpas umas das outras? Quando caem à exaustão de um “vil momento”? Tudo que pra você foi importante, para a outra pessoa “serviu”. A mim serviu de consolo, muito tempo, reler exaustivamente alguns diálogos. Agora, nem eles os tenho. E ninguém jamais os terá. Adoeci por tê-los. Adoecerei em não tê-los? Tudo quando reduzido a nada fica mais fácil de perdoar. Até o amor, reduzido a poeira da estrada, fica mais fácil de esquecer. Ainda assim o carrego, por onde vou. Qualquer estação não passa de escala.

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