“Porque tenho discos”, do escritor Rubem Penz. Lembro de ter lido esta crônica ano passado. Na verdade, lembrei desta crônica há uma hora atrás, circulando pelo interior da cidade. Os acessos principais estão sendo cavocados (na vez do ano), e o trânsito está aquela beleza. Assim que a cidade ficar pronta será o momento ideal para nossa candidatura. O que deve demorar mais uns vinte anos.

Mudei de assunto que era para chegar lá. Há muitos dias estou ouvindo músicas que alguém gravou numa pendrive pra mim. Tem de tudo. E por favor não me censure. Como acabei descobrindo ao estacionar em frente ao cliente, pulando a faixa, sem querer, tem até arrocha. Seja lá o que isso signifique. Hoje repeti “Wind Of Change” do Scorpions algumas vezes. A música casou com o vento da janela.

Há dias venho reclamando com quem quer que esteja no banco da carona. “Ui… Já passei mil músicas e não estou encontrando uma sequência boa”. Busco CD específico, no porta luvas, onde mora. Finalmente reparo que não há ninguém no banco ao lado (raro), e posso ouvir sozinha, meia música antes de estacionar. Talvez mês que vem, quando for àquele cliente do interior novamente, possa ouvir novamente…

Sigo a pensar é no bilhetinho que vai de bolso em bolso e que ora me intriga:

Onde foram parar os R$ 11,43 bilhões líquidos que deixaram de ser aplicados na poupança este mês? Levo a pergunta adiante, sem resposta. E por que o INSS não paga mais os benefícios aos pensionistas e aposentados; quando foi que passamos a ter um Fundo Previdenciário com novo CNPJ no lugar do CNPJ do Instituto; por que é que isso está me parecendo nada bom? Sensação de que um buraco negro abriu no centro do Brasil e os CDs, o saldo previdenciário, o real, a poupança, tudo está sendo sugado pra dentro. Talvez tudo acabe aparecendo do outro lado do mundo, depois de atravessar cabos de rede de leitura óptica de internet banda larga. Transformado em barris de petróleo ou lixo urbano.

Dizem que o país tem uma conta aberta na Suíça. Administra via nuvem. Alguma explicação há de ter. Espiculo. Talvez tudo esteja simplesmente escoando pela valeta que foi aberta na vez que resolveram fazer a transposição do Rio São Francisco sem autorização.

Para tudo. Recomendações de CDs, por favor. Alegres, de fazer chorar. Qual Perfil, da Adriana Calcanhoto. Presente acertado do ex. Que o relógio de pulso parou. Sem conserto, apesar dos bons tratos, pilha, pulseira nova. Guardei. Junto da herança dos filhos. O que sobrou. Metade da casa. Bilhetes, recados, folhas de caderno universitário, poesia, fotos, declarações. Provas que ficam. Que são. Que foram.

Feitos de amor.