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Bancos e bandeiras, de Alegra Catarina

Sei de experiência própria o que é ser transformada em RÉ num processo investigativo onde você é simplesmente a REQUERIDA. Acontece, por exemplo, quando um homem se separa, deixa os filhos menores com a mulher (que tem a guarda de fato, ou provisoriamente instituída), e depois que eles viram adolescentes, ele pede a guarda, alegando que ela nunca cuidou deles direito. Porque se eles estivessem com ele, teriam um carrão de luxo para andar, x-box na TV, academia, viagens a hotéis fazenda, presentinhos, roupas melhores que a mãe pode oferecer, e comida japonesa três vezes por semana, claro…

Então a mulher que ao mesmo tempo cuida deles e trabalha para sustentá-los precisa provar para Justiça que é uma boa mãe. Parece simples, mas não pensem que é tão fácil assim!!! O Promotor não te conhece, nem ao REQUERENTE, e não tem como saber quem cuida melhor das crianças, se aquele que cuida das crianças ou se aquele que visita as crianças somente quando lhe convém. Você precisa aguardar a visita da Assistência Judicial. Mas se o processo nunca chegar na mesa certa porque está encalhado em algum setor, isso é problema da MÃE. Ela é que tem de provar que é boa mãe. Enquanto ao mundo compete apontar os dedos para cada coco de mosca que tiver na janela da cozinha…

É por isso que não condeno ninguém antecipadamente. É por isso que não defendo ninguém. Nem mesmo o Lula. Nem mesmo o Moro. É por isso que não falo nome feio, mesmo quando dá vontade.

Justa observação: o processo correria idêntico, invertidos os papéis das partes.