“Em suma: o que prejudica minha preguiça, prejudica o meu trabalho.”

Começando pela letra “A” do meu nome, sobre Avareza, nos posta:

Os momentos mais belos de nossa vida, desconfio que ficam para sempre esquecidos, porque a memória, essa velha avarenta, os rouba e guarda a sete chaves no seu baú.

Fale direto com ele sobre este baú aí, por favor, pois não tenho a chave.

Pula várias casas no jogo e nos remete direto ao “M”, mandando a seguinte Mensagem:

E quem decifrará esse belo poema chinês que os pauzinhos de chá traçam para nós no fundo da taça?

Não sei caro Mestre, não sei. Revisemos a Ortografia transcendental, invertendo a ordem do alfabeto se preciso, para confundir os investigadores e ganhar um pouco mais de tempo.

Alucinação deveria escrever-se com “h”.  Olhem só: halucinação! Não é mesmo? Tanto mais que, desde que os antigos fantasmas o perderam, o “h” é uma letra fantasmal.

Concordo, sua serva, fotocopiando as páginas 184-5-6-7 Da preguiça como método de trabalho.

Pois tanto trabalho, lhe conto, me rendeu foi uma lesão por esforço repetitivo. Já não posso mais escrever como antes, diante da dor nos meus nervos desfisioterapisados, se é que esta palavra existe, senão a inventemos, com “S” em pisados, se pisados não for mesmo com “Z” neste caso.

Transfiguração

Essas insignificâncias que nos sobem às vezes do fundo do passado têm no entanto não sei que aura misteriosa: são como um par de sapatos velhos pintados por Van Gogh.

Fosse mais um samba da hora, pra agora, pra fevereiro, na porta do fim de janeiro, rimando, diria que fizemos, caro Mario Quintana, cá detrás desta porta, tu comigo da tua janela, com as asas de folhas de um caderno, que nos deixastes de herança, uma crônica, francamente, Frankenstein.

Fantasia perfeita, anoto.

Mas não passo de historia breve, feita de partes inteiras tuas, no roubo. Mais porque o sono, este finado maldito, não veio dormir comigo hoje. Então te folheio, e no escuro te colho. Em apelo contraditório, contra razões recursivas, no prazo de amanhecer.

Epigrafes

Há gente que só escreve pondo uma ou duas epígrafes entre o título e o texto. “Será”, digo eu comigo, “que não podem pensar por conta própria?” 

Pois sim, pois não, para ti, meus originais suspiros, em resposta à tua Crônica, quase poesia. Já não é mais tão válida a tua queixa através dela. Emulamo-nos.

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A ti, Mario Quintana, meus SUSPIROS.