Refúgio, de Alegra Catarina.

Refúgio, de Alegra Catarina.

Lá se vão quinze anos. Lá se vai minha máquina de lavar. Disseram que não vale o conserto. E terei de entregá-la aos anjos da reciclagem.

Agora tenho que sair, procurar uma nova, do meu agrado. Mas o que faço, antes, com toda lembrança, de tanta roupa suja, lavada lá dentro?

Todas as penugens… Todo sabão em pó… A água que correu em seu seio, perfumada… Os varais que preencheu…

Ah, maquininha querida. Tu és, e sempre serás, minha primeira máquina de lavar. Tal qual meu primeiro carro, Rural azul e branca, minha, só minha, comprada a vista e sem financiamento. Paga em dinheiro, no ato.

“Vou levar.”

E nunca haverei de esquecê-la!