Proposição inicial. O turista, querendo tirar sua foto de passagem pela cidade, reparou que a mulher de jaqueta azul subira e descera a escadaria de acesso à Igreja Matriz Puríssimo Coração de Maria já tantas vezes, e ela não parava. Quis se aproximar, saber se era promessa. Poderia acompanhá-la. Limitou-se a questionar transeunte se conhecia a pessoa. Parecia àquele já ter visto a jaqueta caminhando por aí, acenou que não, continuou seu caminho, contornou a escada. Os jornalistas locais que se encarregassem de estabelecer o limite da sanidade daquele estranho, para quem ver pessoa subir e descer escadas pareça estranho. Segue referência para pesquisa: O Alienista (Machado de Assis).
De investigar, e foram investigar, descobriram com amigos a mensagem abaixo disparada do celular da moça. Modo de dizer da cronista, que a senhora tem seus (quase) quarenta e cinco anos.
Bom dia, amigos. // Sábado é dia de plantão do filho no trabalho (dá suporte num sistema de informática comercial). Não vai. // De minha parte, pereza ir sozinha, mas tenho ganas. // Travo é por medo de pegar a Covid-19. Preciso saber dos confirmados. Denunciem-se. // Se forem em muitos, o que em outras circunstâncias seria ótimo, vou ficar por aqui.// Em SC não temos montanhas como as suas, mas talvez eu possa subir e descer cem vezes a escadaria da igreja.
Vejo-me obrigada a esclarecer esta história. Não soube começar explicando que perdi uma amiga para o Covid-19. Estou delirante e nervosa. É alerta para a matraca. Vendo, fora a saúde, fios brancos, gorduras localizadas e rugas de preocupação. Bobagem estocar vaidade. O certo é exibi-la quando e enquanto se pode. Laços de cadarços! Cozo, cozinho, reparo, apimento texto, não encontro verbo, trapo e tempero certos. Quero ter meios de dizer que a Cris foi cremada. Quarenta e quatro anos, três filhos, linda, querida e amada. As cinzas, os amigos estão se organizando soltar no ar no alto do Pico Paraná, final de maio.
Faz tempo que o grupo de montanhas não sobe montanhas. Agendamos treinos nos picos menores, antepasto. Eu e o filho mais velho faltamos à travessia Morro do Canal – Torre Amarela – Vigia, no Paraná, em substituição subimos o Morro da(s) Antena(s), no nosso Estado. Tivéssemos ido, seríamos dezessete. Então, opa, me escapou a mensagem:
Parceiro é parceiro, fdp é fdp. Estou num dos grupos. O qual, ainda estou decidindo.
Nota para a vida: tratar tudo melhor. A escolha da semana, de ‘treino para subir o Pico Paraná’, seria a escadaria da igreja. Mas subir e descer cem vezes levar a cabo faria de mim uma louca. Simão Bacamarte com toda a gentileza do mundo me conduziria pelo braço falar com algum parente que de antes já estivesse internado na casa de janelas verdes. Então, foco do morro da vez: o Itapiroca. O que significa ita+piroca, vide título. Para resumir, trata-se da quinta maior montanha da Região Sul do país e vamos trilhá-la, já foi decidido. Semana seguinte, travessia nível kids – a gente costuma brincar -, é por o nome nas caixas do Caratuva e do Taipabuçu (o Taipa).
Loucos são os turistas, que aumentam as coisas, é a inescusável conclusão.